sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Lugares para se estar: Lista Lúdica e RPG.Blogs

Na última semana montei um agregador de blogs de RPG e Jogos de Tabuleiro, a Lista Lúdica. Ela é bem simples, são duas listas de blogs, uma de RPG e outra de jogos de tabuleiro construídas usando as blog lists do Blogger. A motivação é ainda mais simples: eu queria um lugar melhor para ver quem andava atualizando o blog. Meu Google Reader transborda de vários assuntos e por vezes eu quero só ler um pouco sobre RPG e Jogos para inspirar conteúdo para cá.

Se você quiser seu blog lá, basta me mandar o endereço. Já tem quase 70 blogs de RPG e mais de 20 de jogos de tabuleiro, peguei o hábito de reservar alguns momentos do dia para pesquisar novos blogs. Minha idéia é construir um pequeno mapa da blogosfera de RPG, além de recomendar posts e falar minhas bobagens por lá também.

Praticamente no mesmo tempo, o Guilherme Moreno lançou o RPG.blogs, um outro agregador de blogs, mas este construído na unha por ele. Por ser um produto de desenvolvimento próprio, apresenta uma série de vantagens em relação à Lista Lúdica, sendo quase um BlogBlogs de RPG, com indexação, busca e tagueamento de posts. Para se inscrever, vá nessa página e envie as informações necessárias e não esqueça de colocar o selo no seu site!

Essa coisa de tantos agregadores de blogs aparecendo pode ter preocupado algumas pessoas. No blog da Area Cinza surgiu a necessária discussão sobre a quem servem os agregadores. Eu digo que servem a comunidade, mas nunca perdendo de vista que estão sempre em débito para com ela, pois é a comunidade quem cede conteúdo gratuitamente para manter o verdadeiro valor dos agregadores. É preciso ter cuidado para não cair no lado negro da Web 2.0, em que um ou outro faturam uns trocados em cima de conteúdo alheio, pervertendo a dialética saudável entre o que é de um e o que é de todos.

Acredito que antes de tudo os agregadores surjam de necessidades dos seus criadores, estes então entendem que a necessidade de um é a necessidade de todos e assim compartilham a ferramenta. A comunidade agradece compartilhando o conteúdo e dessa forma todos crescem juntos.

Agreguem, bloguem e joguem.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O RPG do amor

Vi primeiro no News RPG. Ainda estou sem palavras. Na falta delas, uma apresentação do livro:


Em Jogos de Amor, do doutor Américo Canhoto, você poderá participar de uma inesquecível experiência, repleta de sentimentos, emoções, prazer e espiritualidade. Assuma o papel de um personagem e vivencie a busca da felicidade e do amor. Com a orientação do autor, que utiliza o RPG - Role Play Game, jogo de interpretação de papéis -, você descobrirá quanto e como suas escolhas amorosas podem influenciar sua vida e a de outras pessoas. Nessa experiência virtual, improvise à vontade para que você tenha a oportunidade de realizar um sonho possível: viver um grande amor...


Dr. Américo Canhoto é médico e autor de diversos livros espíritas para a Editora Petit, entre eles Saúde ou Doença: a escolha é sua e Chegando à casa espírita. O livro promete tratar da saúde dos relacionamentos, ajudando você a perceber quando encontrou o amor e como cuidar dele. Tudo isso com uma abordagem literária inovadora: os jogos de representação.

Eu, sinceramente, estou maravilhado. Desde que maturei meus conceitos sobre o RPG defendo que ele deve deixar seu nicho nerdizante de editoras especializadas e produtos herméticos para se tornar uma prática corriqueira, mundana. Todo mundo pode jogar RPG e é possível fazer um RPG para qualquer coisa e para qualquer um. A imaginação é um poder humano assim como a representação e o lúdico. Quero mesmo ver este livro. Quero ver como o autor entende RPG e como ele o usa. Quero descobrir se eu concordo ou não com a abordagem dele. Vai que eu descubro um produto interessante com uma abordagem realmente diferente do tema?

Eu faço as minhas apostas. Fui Kardecista por anos e conheço poucas religiões tão RPG quanto a doutrina espírita. Uma religião que inclui cidades espirituais, bastões de luz como os presentes em Nosso Lar e que cuida de mitigar ao máximo a barreira entre fantasia e realidade com seu discurso científico positivo merece muito do meu respeito. Num dia de especial inspiração, retomarei a leitura dos livros de Kardec e André Luís e farei um pequeno RPG sobre missões espirituais partindo de cidades espirituais para levar luz para desencarnados que vagam no umbral ou para encarnados que estejam sendo obsediados. Aliás, um RPG seria uma excelente ferramenta de disseminação da conhecimento espírita, mostrando a visão deles sobre o mundo espiritual através dessas aventuras.

Por essas idéias e outras, que eu queria muito que RPG conseguisse ir para além dos D20s e ganhasse o mundo. Quem sabe o Dr. Canhoto não está justamente pavimentando essa estrada para nós?

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Música para ouvir música para ouvir música para ouvir

Na letra de Arnaldo Antunes tem música para jogar baralho, mas não tem música para jogar RPG. Ficou mesmo de fora, pois ouvir música enquanto se joga RPG, além de bem comum, é técnica narrativa para muitos. Escolher música para jogar é parte da criação da aventura para vários mestres.

Mestres e jogadores que tenham uma ligação forte com música devem obter um prazer especial com isso. Nem que seja para escolher que CD vai ficar rolando em repeat durante o jogo. Um prato cheio para isso são trilhas sonoras de filmes. Já estive em aventuras em que, ao acaso, a música épica começou a tocar no momento exato em que começamos a grande batalha. Senhor dos Anéis, Dracula de Bran Stocker, Guerra nas Estrelas entre outras parecem ser figuras fáceis nas mesas de jogo.

Já não é de hoje que as editoras perceberam que música climática para jogadores de RPG é um nicho de mercado. A primeira vez em que tomei conhecimento de um foi o CD Music from the Succubus Club lançado pela Dancing Ferret Discs em parceria com a White Wolf em 2000. O CD representava um set list da boite número um da vampirada e tinha 13 faixas, uma música para cada clã. O mundo das trevas sempre teve uma ligação muito direta com a música, dedicando páginas de seus livros apenas para a sugestão de bandas de músicas para dar o clima da brincadeira.

Recentemente, apareceram três lançamentos seguidos, mostrando que mesmo não tendo muitos produtos na área, o conceito segue no mercado. A Pelgrane Press tem dois títulos no mercado, ambos de James Semple:

Dissonance - música para jogar Esoterrorists, um RPG onde você é um agente investigador que luta contra uma grande conspiração de ocultistas que atentam contra a própria realidade. A compra dá direito a 4 músicas, entre elas uma música para ser tocada na abertura de partidas e o tema oficial da Ordo Veritatis, o grupo que combate os esoterroristas.

Four Shadows - música para jogar Trail of Cthulhu. Assim como Esoterrorists, Trail of Cthulhu é baseado no sistema Gunshoe, cujo o foco são aventuras investigativas. No caso desse jogo, temos um cenário pulp cthulhunesco para desvendar. O comprador recebe quatro faixas que prometem colocar seus jogadores no clima dos mitos de Lovecraft.

Por fim, temos o Blood Opera Suite, onde ouvimos No More Roses, a ópera inacabada da alma torturada de Shivon Mwrr, um músico traído. Toda essa tragédia é para jogar Houses of Blooded, um RPG decadencista sobre nobres passionais e vingativos. Me lembra Ligações Perigosas.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Monstros e outras coisas de criança

Esse seria um nome provável caso Monsters and Other Childish Things ganhasse uma versão em português. Me parece que há um pequeno filão de jogos de representação voltados para uma espécie de horror infantil. Entre eles podemos destacar o Little Fears (que eu, na minha mania de pensar traduções, chamo de Pequenos Pavores), Grimm e o suplemento Innocents do Word of Darkness, lançado este ano pela White Wolf. Aliás, como comentamos no tópico sobre RPGs divinos, a White Wolf com certeza trabalha forte com pesquisa de tendência de mercado.

Em Monsters (vamos abreviar, por favor) os personagens são crianças e seus monstros de estimação. Os monstros são amigos imaginários que apenas as crianças podem ver, assim como todo o restante do mundo perigoso, opressivo e fantástico que as cerca. A imaginação é a um só tempo bela e perigosa, a fantasia asséptica dos adultos é uma mentira, o mundo das crianças e seus horrores é perigoso, emocionante, cheio de aventuras e ameaças. Existe uma longa seção do livro onde o autor Benjamin Baugh mostra todas as possíveis químicas a serem criadas para dar diferentes tons para as histórias. Cito agora o mesmo trecho que o usuário Unshaven usou em sua resenha no RPG.net para ilustrar a idéia geral do autor sobre o espírito de seu livro:


"O que você fez hoje?"

"Nós encontramos o tesouro dos piratas, mas ele estava amaldiçoado e então tinham zumbis, aí o Gnarlytoes comeu eles e então nós tomamos sorvete na casa da Júlia."

"Puxa, parece que você andou realmente ocupado! Tomara que tenha sobrado espaço para o jantar"


Várias referências podem ser citadas para ajudar a entender o clima de Monsters, a mais óbvia é também a que menos explica: Pokemon. Embora seja um jogo sobre crianças e seus monstros maravilhosos que lutam, devoram uns aos outros e fazem peripécias, o jogo não tem as mesmas cores e o foco em competições do desenho animado da Nintendo. Calvin e Haroldo (saudosa tira de Bill Waterson) talvez seja a imagem ideal, mas os imagine brincando no universo das Desventuras em Série de Lemony Snicket caso esse fosse habitado pelos amigos do Cthulhu.

Esse jogo começou pequeno, com uma publicação humilde de 48 páginas da Arc Dream (Godlike, Wild Talents) em 2007 e, devido ao seu sucesso, ganhou uma versão "Completamente Monstruosa" de 180 páginas este ano. Monsters se apóia no ORE (One Roll Engine) o sistema de rolamento único criado por Greg Stolze presente nos outros títulos da editora. Nessa mecânica, os jogadores constroem paradas de dado de forma semelhante a presente no sistema Storyteller da White Wolf, mas ao invés de tentar alcançar um resultado ou número de sucessos o objetivo é formar combinações de dados com o mesmo valor. Essas combinações determinam a "largura" e a "altura" do resultado, onde largura é sua potência e altura sua precisão. Com isso, uma combinação de quatro dados com o valor 2 é mais potente, mas menos precisa que uma combinação de dois dados com valor 7. A partir dessa premissa, cada jogo cria seus critérios para escolha dessas combinações ou introduz dados especiais a esse rolamento.

Este ano, Monsters ganhou dois suplementos: The Dreadful Secrets of Candlewick Manor que trata de um orfanato cheio de segredos nefastos, talvez a versão mais pesada e dramática do jogo, com menos aventura e mais traumas de infância e Curriculum of Conspiracy, um cenário típico de escola norte americana com valentões e mistérios.

Por fim, seguem outros links para expandir a leitura:

terça-feira, 14 de outubro de 2008

1o. Concurso Brasileiro de Criação de Jogos de Tabuleiro


A Riachuelo está promovendo o primeiro concurso brasileiro de design de jogo : o Concurso Brasil de Criação de Jogos de Tabuleiro. Estamos convidando todos a participarem sendo que o objetivo é fazer algo que agite o cenário Lúdico nacional e fomentando a criação de novos projetos pelos designers, na linha que é feito nos EUA e na Europa.


As regras do concurso estão sendo mostradas nesse link.

Excelente iniciativa! Divulguem e participem.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Jogando RPG de Graça além do 3d&t - Parte 1

Você pode ter chegado aqui buscando por RPGs online gratuitos na Internet. Na minha opinião de não jogador de RPGs online, gosto muito de Maplestory, joguei bastante numa época. Porém, esse post não é sobre RPGs online. É sobre como jogar RPGs "de mesa" gratuitamente de forma legal. Falo sobre você baixar um arquivo da Internet, imprimir se considerar necessário e jogar com os seus amigos.

Sempre me posicionei contra a idéia de que RPG é uma brincadeira cara e que para ser jogado depende de um investimento em livros. RPG é um jogo de faz-de-conta que, uma vez entendido conceitualmente, te torna capaz de criar e se divertir com os seus próprios jogos caso deseje. Porém, não vejo essa idéia muito divulgada por aí. Evidentemente isso não significa uma repulsa as publicações a venda, pelo contrário. Critico sim a naturalização da idéia de que RPG significa livros grandes, caros e em inglês. Mostro aqui que você tem como ter materiais de versões digitais gratuitas de RPGs.

Para a ainda seleta, porém crescente, fatia de brasileiros que tem acesso a Internet, já existe uma série de possibilidades interessantes para isso. Vejam que não estou falando de pirataria ou de download de material impróprio. Falo de livros eletrônicos que o autor quer que você tenha sem custo. Seja por demonstração, seja para criar uma relação com você.

Um excelente exemplo em português é o 3d&t distribuído gratuitamente no site da Editora Jambô. Caso o inglês lhe seja familiar, trago uma lista de links do Drivethru RPG (que funciona sobre a mesma base do RPGNow). O site exige um cadastro pequeno e indolor, recomendo assinar a newsletter deles para ser avisado de novos produtos gratuitos.

Essa lista vai ser dividida em várias partes, cada uma tratando de um tipo de produto específico. Começamos com uma lista de Quick Starts. Essencialmente, são pequenos libretos que apresentam um sistema, conceito e cenário além de ensinar a construção de personagens de forma simplificada. São produtos de degustação completamente jogáveis e garanto que com um pouco de criatividade e ousadia para estender os conceitos propostos nesses guias rápidos, é possível que eles se bastem para várias horas de jogo e várias aventuras diferentes. Basta se libertar do cânone que as editoras tentam te vender e preencher você mesmo as lacunas deixadas por esses produto gratuitos. Para baixá-los, basta clicar nos links abaixo depois de se registrar no site. Para ver outros produtos gratuitos bastar clicar em "by price" no menu da esquerda e depois em "Show Only Free Products".