domingo, 23 de novembro de 2008

Corrente do dia: Aleatoriedades

O Pop Dices deu a deixa para eu participar de uma dessas correntes de posts entre os diversos blogs de RPG que andam se conectando.

Pode parecer um exercício bobo, mas serve para mostrar a capacidade de articulação dos envolvidos. Foi treinando esse tipo de movimento aparentemente sem sentido que os blogs aprenderam a se mobilizar para as blogagens políticas e os ativismos digitais que pipocam por aí.

As regras da brincadeira:

1 - Linque quem te convidou para a brincadeira. Dessa forma podemos rastrear os posts e conhecer todos os participantes;
2 - Copie essas regras no seu blog;
3 - Escreva 6 coisas aleatórias sobre você;
4 - Convide mais 6 blogueiros para participar;
5 - Avise os convidados que eles estão participando (ótima oportunidade para trazer blogs novos para a brincadeira);
6 - Avise a quem te convidou que a tarefa foi cumprida.

Minhas aleatoriedades:

1 - Eu professo uma religião maluca e levo isso realmente a sério. Sou adepto do Sincronicismo e meu foco oratório é a Liga da Justiça.

2 - Sim, você entendeu direito. Eu faço as minhas orações para o Batman, Super Homem, Mulher Maravilha, Flash e afins. Eu tenho um altar para eles.

3 - Jim Henson (criador do Muppets) é um gênio. Eu já assisti praticamente tudo que ele fez/produziu/dirigiu (inclusive o que nunca passou no Brasil) e leio livros sobre o trabalho e as técnicas dele. Meu sonho é ser ator de manipulação de bonecos, ou titereiro. Para mim, ele é o maior pedagogo da história e se tivesse filhos os criaria sob sua moral.

4 - Eu ouço música o dia inteiro e o tempo todo. Não gosto do termo eclético. Para mim, quem se diz eclético é quem não reflete sobre o que anda ouvindo. Minhas bandas favoritas são Einstuerzende Neubauten, Squirrel Nut Zippers e Morphine.

5 - Minha relação com RPG é de vício semiótico. Embora a maior parte dos RPGs sejam escritos de uma forma pobre e tosca, a semiologia dos textos ativa as químicas de prazer do meu cérebro.

6 - Eu tenho muita dificuldade de concentração e nas grandes crises (como agora, por exemplo) eu tomo nootrópicos para voltar a funcionar. O meu agente favorito é o piracetam e costumo tomar Nootropil 800mg.

Não tive como ver quem já foi ou não chamado, mas para fazer a minha parte, estou anunciando esse meme na Lista Lúdica para quiser acompanhar.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Pensando o cyberpunk a partir de sua música

A parte de toda a reflexão que o gênero cyberpunk pode suscitar, podemos escolher outros olhares para pensá-lo. Ao invés de questionar se esse conjunto simbólico já nasceu datado e anacrônico ou se ainda é um por vir, podemos pensá-lo conceitualmente a partir da música. Dessa forma, deixamo de lado os cabelos esverdeados e os plugs a flor da pele para tentar engatinhar dentro do impacto que uma cultura hipertecnológica pode ter numa sociedade.

O cyberpunk é o mundo das sobreposições e fusões. A realidade digital entranhada na "real" de forma que os limites ficam difusos. Limites? Homem e máquina se entrelaçam e não é mais possível determinar onde começa um e termina outro. Realidades se sobrepõe indefinidamente e um indivíduo nada mais é do que o ponto de toque entre diversos planos onde o real se dá.

Uma pessoa anda na rua vestida como um punk dos anos 80 e seu avatar online imita a Marlene Dietrich com bigodes de Groucho Marx. Um executivo russo usa um terno de Kevlar (para evitar atentados) e a noite faz performances como Drag Queen com músicas da Cher em noites revival dos anos 70 em algum inferninho do bairro chinês. Nada em cyberpunk é simples ou linear, é referência dentro de referência dentro de referência. Tudo é um remix, as músicas são corte e colagem de outras músicas ad nauseam de forma que só os ouvidos mais atentos conseguem reconhecer a música dentro da música dentro da música. As pessoas têm poder de interagir com a obra musical, recortar, colar, mudar o pitch, acelar, colocar o próprio vocal ou sintetizar vozes famosas com programas de computador. Não existe mais barreira entre quem faz e quem consome música. Os ídolos ainda existem, mas quem disse que eles são ídolos por conta de suas canções?

Dizer que música cyberpunk é o Ministry (uma excelente banda, aliás) é muito pouco. Ministry é uma banda com som de cowboy homocore industrial, tem seu lugar no tempo e no espaço. Um cenário cyberpunk resgata o Ministry, mixa ele com uma orquestra dos anos 40, coloca samplers de maracas e joga a música na rua. Tudo está ali para ser consumido e regurgitado e consumido novamente. Devido ao excesso e ao sucateamento da altíssima tecnologia, o cyberpunk leva o corte e colagem ao nível da histeria.

Música cyberpunk tem nome, sobrenome e mais alguns detalhes entre parênteses. É isso com mais isso e aquilo outro. Nada mais é puro, assim como todo mundo está contaminado pela economia, pelas drogas, pela rede e pela tecnologia. Música cyberpunk é caos travestido de harmonia e vice-versa. Tudo se dá em camadas, músicas dentro de músicas. Música cyberpunk pode até não ter nome e ser ouvida uma única vez numa rádio streaming ou estar a venda num camelô em coletânias distribuídas em quatro mídias diferentes.

Alguns exemplos reais do que considero música Cyberpunk. Podem ajudar a ilustrar jogos do gênero.

The Grey Album. O Rapper Danger Mouse canta sobre bases que mixam o White Album dos Beatles com o Black Album do Metallica do rapper Jay-Z (valeu, Rocha!).

Dan Deacon. Empilhamento de samplers, vocal distorcido, cara de Nerd e barulho.

The Remix War. Série de Álbuns que coloca duas bandas do selo Metropolis para remixar músicas uma das outras. Recomendo muito o Strike 2, onde Front Line Assembly remixa o Die Krupps e vice-versa. Tem passagens de "batidão" que parecem um baile funk no inferno.

Qualquer coisa desse selo Digital Hardcore Records vai passar essa idéia do mix/remix com atitude. Alec Empire, a mente inquieta por trás da DHR, gravava quase um álbum por show. Música descartável que foi parcialmente reunida em muitos EPs ideais para deixar rolando na vitrola durante um tiroteio tenso.

Da DHR todo mundo lembra do ultra hit dos anos 90: Atari Teenage Riot. Porém, gostaria de deixar a dica do Bomb 20. Som cáustico mixando samplers de trailers de filmes. Ouvir Bomb 20 é, além de pressão, um exercício da percepção das múltiplas camadas e referências que cada música contém. Procurem uma música chamada "You Kill Me First".

Quando o Atari Teenage Riot esteve no Brasil (não lembro quando, algo tipo 96/97) o Alec Empire me deu uma cópia da fita com o "estado atual da coisa toda", segundo ele mesmo. Nessa fita conheci o ec8or e o Patric C. que mais tarde lançaram álbuns bem nervosos.

Se na aventura você tiver algum grupo de riot grrrls amazonas ninjas cyberpunk (afinal tudo é misturado e nada é simples), dê uma olhada no Cobra Killer também. Esta era a reunião da vocalista do ec8or com a vocalista do álbum Shizuo Vs Shizor (que é um mega mix de eletronico, música indiana e raiva) para berrarem juntas.

Eu realmente não sei se alguém ainda joga algo cyberpunk, mas se jogar, trilha sonora é que não vai faltar agora.

sábado, 8 de novembro de 2008

Seu namoro com o RPG

Na comunidade RPG Brasil, sugeriram um tópico onde se conta sua história com RPG como se fosse a história das suas namoradas. O Pedro viu essa idéia no fórum da RPG.Net e lançou a idéia. Copio aqui a colaboração que dei lá. Sugiro isso como um meme da blogosfera de RPG. Quem quiser participar, manda o link e vamos trocando.

---

Eu era um moleque cheio de hormônios dançando rumba pelo meu corpo. Um amigo que veio da Disney me mostrou uns livros de pornografia e nunca mais eu fui o mesmo. Eu podia ficar horas trancado no meu quarto lendo aqueles livros que sempre me perguntavam o que eu queria fazer. E assim, pela masturbação, gozei pela primeira vez.

Um dia, um amigo disse ter conhecido uma mulher maravilhosa, seu nome era AD&D e a gente podia fazer o que quiser com ela. Era uma dessas mulheres mais velhas, mais vividas, que piravam a cabeça da garotada com momentos inesquecíveis.

Infelizmente, essa dileta dama cobrava caro para nossas posses na época, mas nosso desejo não parava de crescer. Decidimos então construir nossa própria namorada a partir das poucas memórias que alguns de nós tinham de seus momentos com a corôa enxuta. Dias e dias depois, lá estava ela. Não tinha uma roupa muito bonita, era costurada com grafite 2B e as meias eram de xerox, ainda assim era uma delícia desnudá-la para o nosso prazer. Nunca parávamos de mudá-la, era uma verdadeira Amélia que cedia a todas as nossas vontades juvenis. Falávamos dela para as pessoas as vezes, contávamos as peripécias que fazíamos com ela. Todos ficavam loucos para conhecê-la, mas nunca mostramos para ninguém.

Nos dedicamos a conhecer outras mulheres com o único intuito de roubar presentes para a nossa namorada. Saímos algumas vezes com a GURPS e roubamos todas as suas magias. Outros dias saíamos com a RoleMaster e sua irmã MERP, mas não conseguíamos roubar nada, elas falavam demais e diziam muito pouco. Também saímos com a Call of Cthulhu e achamos muito bacana. Hoje, tenho até saudades dela.

Conhecemos então um cara que morava com a AD&D. Ele abriu o guarda roupa de sua amante e mostrou uma coleção de vestidos lindos, vermelhos, amarelos, negros e tantos outros. Cometemos então a maior injustiça de nossas vidas, trocamos nossa namorada que por tantos anos nos serviu por uma mulher vaidosa, cheia de vestidos bonitos e que tudo que a interessava era poder. Foi difícil resistir, ela foi quem despertou nosso primeiro desejo e por isso cedemos.

Alguns anos depois, já havíamos nos deleitado com todos os vestidos da AD&D. Gostávamos muito quando ela vestia uma combinação de couro e pedra, com a pele bem bronzeada. Ainda assim, enjoamos e começamos a fazer roupas novas para ela. Todas peças curtas, bem eróticas, nenhum longo ou alta costura. Eram roupas rápidas de colocar e de tirar.

Já estávamos de saco cheio da AD&D quando a Vampire veio. Ela prometia revolucionar, ser diferente de tudo que já tínhamos vistos. Novos prazeres e sensações únicas. Já não éramos mais crianças, mas ainda nos impressionávamos com qualquer coisa. Pouco a pouco, a Vampiro apresentava uma irmã para cada um de nós. Éramos em 5 e quatro irmãs ela trouxe. Cada um de nós se casou com uma e as sustentamos. Investimos muito nelas e tivemos o retorno desejado. Foram relacionamentos felizes, mas algum tempo depois começamos a questionar nossas escolhas.

Eu era casado com a Vampire, mas não aguentava mais a cara de quem peidou que ela fazia para tirar foto. Sempre que ela começava com aquele papo de horror pessoal eu começava a lembrar da sua irmã Mage, que estava casada com um dos meus melhores amigos. Eu fica revoltado, pois achava que ele não dava a devida atenção para ela. Era sempre papai e mamãe com uma mulher disposta a realizar todo Kama-Sutra. Pior, as vezes eu me pegava cobiçando a mulher de meu próprio irmão, a doce Changeling. Ela era criativa e melancólica, uma combinação explosiva para mim.

Até que mandei a Vampire embora. Joguei as roupas dela pela janela e exigi que ela nunca mais aparecesse. Foi duro para ela, mas com tantos fãs obcecados não precisava de mim.

Fiquei desgostoso das mulheres por um tempo, no meu íntimo, sonhava com minha primeira namorada feita a mão e várias vezes me peguei chorando no meio da noite. Um dia, meus amigos bateram em minha porta e falaram "olha quem está aqui". Eles traziam a AD&D com eles, mas esta havia passado uma temporada "no estrangeiro" e voltou cheia de plásticas na cara e roupas que já não lhe cabiam tão bem. Sabe quando uma mulher de 40 usa trajes de cocota? Tive essa impressão quando ela me disse que agora se chamava D&D 3e. Entrei numa fase niilista em relação as mulheres. D&D vinha até mim com várias roupas e trejeitos esquisitos mas eu apenas ficava ali, não me apegava. Estava muito ocupado com trabalho e só podia contar com meus amigos para me apresentar namoradas.

Aproveitei que o amigo que fora casado com a Mage a deixou pela D&D e peguei Mage para mim. Jurei que cuidaria bem dela, mas a verdade é que nunca consegui chegar as vias de fato com a Mage. Porém, tenho certeza que estou lhe dando um lar melhor, pelo menos vez ou outra acaricio gentilmente suas curvas. O mesmo fiz com a pequena ex-mulher de meu irmão e assim comecei a montar meu harém adormecido. A única coisa bonita que vi com a D&D, foi o vestido que um amigo especialmente apaixonado por ela fez. Participei de seu corte e costura com gosto, o vestido ficava elegante nela apesar do botox.

Deixei meus amigos. Ainda ouço notícias da D&D e a última coisa que soube é que ela surtou de vez, agora se chama 4e e não fala mais coisa com coisa. Com tanta idade, era esperado que ficasse senil. Até meu amigo mais apaixonado lhe tomou o vestido que fizemos para ela.

Hoje, me dedico a colecionar mulheres. Ando de bar em bar flertando com todas elas. Adoro essas novinhas independentes que andam aparecendo por aí. Todas leves, descompromissadas e cheias de idéias na cabeça. Vez ou outra, encontro com alguma outra corôa da época da AD&D, prefiro as que envelheceram com mais dignidade. Se a pele dessas não é mais tão rija quanto fora, ao menos seus beijos e histórias carregam um espírito que falta as minhas lindas ninfetas.

Assim, chego em casa todos os dias e as vejo pelo sofá e pela cama. Don't Rest Your Read, Spirit of The Century, Esoterrorists, Elric!, Ars Magica, Whispering Vault, Cold City, Ex Machina, Mutants & Masterminds... Todas elas me recebem com sorrisos largos. Eu as acaricio, beijo, aliso, mas as deixo antes do fim.

Voltei a roubar das minhas mulheres para construir a minha namorada perfeita. Ela está nascendo leve, divertida, com o formato do meu sonho. Já a vesti de cowboy lutando contra vermes gigantes, já a vesti com trajes da segunda guerra repleta de paranormais e aberrações e agora ela está ganhando uma roupa linda de pirata. Em breve ela vai ter dinossauros, naves espaciais, viagem no tempo, ninjas e cowboys, afinal ela topa tudo que eu quiser.

A verdade é que eu nunca esqueci minha primeira namorada e ela nunca me esqueceu também. Se hoje ela é completamente diferente, é por que eu sou completamente diferente hoje.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Modernidade e Magia

Numa discussão belíssima iniciada na lista Area-RPG pelo Daniel Don, foi debatido como seria um mundo moderno que tivesse em seu passado o paradigma mágico do D&D. Seguem os meus centavos nessa conversa.

Pensem em qual foi o grande trunfo da ciência para a secularização do mundo: conforto e qualidade de vida. O maior apelo da ciência em relação a religião, o misticismo e a magia é que as respostas sobre a vida que a ciência propõe fazem os seus dentes ficarem no lugar, criam o ar condicionado, máquinas que te poupam trabalho e de quebra ainda rolam umas vacinas.

Se a religião e a magia dessem respostas diretas às questões através da intervenção dos deuses e dos mistérios ocultos, não haveria a necessidade da ciência cumprir esse papel. Se eu ficasse doente, iria ao templo e ficaria efetivamente curado, pois um sacerdote me aplicar um "curar doenças leves" e isso seria melhor do que tomar uma vacina, um remédio ou ser operado.

Se eu tivesse fome, posso me dedicar a alcançar um pequeno nível no sacerdócio da minha religião e com isso fazer aparecer água e comida de verdade com as minhas orações. Isso é melhor do que ir no mercado ou ter que trabalhar para comprar alimento.

Evidentemente, a idéia de que as revoluções científicas são movidas por simples necessidades de maior conforto é muito limitada. A busca por conhecimento, por verdades e descobertas move o homem na direção do saber tanto quanto o frio e a fome. Porém, devemos lembrar que a magia e a religião também são um conhecimento. Num ambiente de magia e religião inferindo diretamente na realidade, seria lugar onde a magia e a religião seriam campos de estudos e revelações que evoluiria com o tempo. Não pelos mesmo métodos da ciência, mas com formas próprias de se expandir na direção da dúvida.

Um mundo high fantasy, onde o poder não estivesse na mão de um casta e fosse bem acessível, poderia não diferir muito de um mundo tecnológico. Imaginem que ao invés de comprar um celular eu ia comprar um item mágico que, ao invés de componentes de micro eletrônica, teria uma runa de telepatia que cumpriria a mesma função de me conectar remotamente com outras pessoas. Ano após ano, os estudos místicos criaram runas cada vez mais intrincadas e refinadas. Os pactos ocorreriam com entidades cada vez mais poderosas e especializadas. Um dia, meu item mágico de comunicação ia até tirar foto.

Eu também acredito que pensaríamos em formas não mágicas de fazer as coisas. Porém, assim como a magia hoje é uma coisa menor, um hobby ou uma excentricidade, a tecnologia também o seria. Estou falando de uma inversão de polaridades.

Ainda mais difícil de imaginar, é a mentalidade dos povos desse mundo. Hoje, muito do que pensamos e como pensamos é orientado pelo nosso paradigma científico. Aqui com os meus botões, eu acredito que essa modernidade mística teria a imprevisibilidade muito mais arraigada ao seu modo e pensar, inclusive por ser uma sociedade acostumada a olhar o próprio futuro em oráculos objetivos que exibem imagens do por vir. Não iríamos ter a dúvida filosófica entre o livre arbítrio e a determinação divina, íamos ver as duas forças operando a nossa frente e teríamos conhecimento objetivo de que, em verdade, o resultado desse embate só ocorre no seu próprio momento, mesmo que esse momento possa ser refeito através de viagens mágicas no tempo. Ou seja, nem o passado é imutável.

Hoje tentamos controlar a imprevisibilidade. Ela é um tabu, o inimigo da verdade. Ela circula na boca os teóricos do caos, mas na vida mundana o planejamento, a disciplina e a determinação devem superar qualquer contra tempo. Nesse mundo das bolas de cristal, já teríamos visto que as forças que operam o destino, o presente e o passado nunca param de se confrontar, logo já incorporaríamos a incerteza de uma forma muito mais natural.

Outro ponto, um mundo contemporâneo que parte da idéia de que a magia é real seria interessante como cenário se estivéssemos sentindo hoje o retorno de milênios de uso da magia. A tecnologia é maravilhosa, mas tem um retorno forte quando o seu uso desmedido passa por questões ambientais e uso racional de recursos. Então imagine que após eras de uso intensivo da mágica, as pessoas estivessem começando a sofrer algum mal por isso.
Pensem em Dark Sun para entender uma parte dessa idéia.

Ecomagica seria a palavra da vez.

sábado, 1 de novembro de 2008

A segunda temporada de Cartoon Action Hour

Então você perdeu algumas horas da sua juventude fazendo adaptações para RPG dos desenhos que consumiram anos da sua infância. Eu sei como é isso, eu mesmo já pensei em como seria Thundercats, Transformers, Comandos em Ação, Spiral Zone, Silver Hawks, Jace and the Wheeled Warriors e afins em RPG. Inclusive já pensei em usar RPG para escrever roteiros de um desenho animado em que trabalhei há muitos anos: os guerreiros da Amazônia.

A boa notícia é que há um sistema no mercado que quer ajudar você a fazer isso. O Cartoon Action Hour é um jogo de RPG para simular o ritmo bombástico dos desenhos animados dos anos 80. Heróis fantásticos e inimigos recorrentes em aventuras que caberiam num episódio de meia hora. A Spectrum Games anunciou o lançamento oficial da "segunda temporada" do jogo. Uma nova edição revista e ampliada, com qualidade gráfica muito superior a primeira e mais de três anos de desenvolvimento.

Quem lançava Cartoon Action Hour no mercado era a Z-Man games, que também tem uma seleção muito interessante de jogos de tabuleiro, entre eles Pandemic e Agricola, títulos bem populares. Porém, me parece que essa segunda temporada será lançada em PDF e em livro pela própria Spectrum Games.

O livro deve sair neste mês ou no próximo, mas a editora aposta no seu quickstart gratuito como ferramenta de divulgação. Você pode baixar aqui o Demo de Cartoon Action Hour: Season 2 e o capítulo para mestres completo aqui. Com o demo é possível rolar aventuras completas e sacar bem o espírito do jogo.

Vou aproveitar esse quickstart para por em prática uma idéia que tenho para um RPG de desenho animado. Cada seção de jogo seria um saturday morning completo, ou seja, a criançada senta com um prato de sucrilhos frente a TV e assiste uns três ou quatro desenhos seguidamente. A seção seria partida em diferentes fases, uma para cada desenho animado e os jogadores vão ter personagens diferentes para cada desenho. O pulo do gato é que os personagens de um jogador serão construídos compartilhando os mesmo pontos. Ou seja, cada jogador terá que escolher se terá personagens medianos em todos os desenhos, ou se será muito mais poderoso do que a média num, mas um mero coadjuvante em outros. Vai ser um experimento interessante e creio que o Cartoon Action Hour: Season 2 veio bem a calhar para isso.

Leitura complementar: