domingo, 8 de junho de 2008

Primeira experiência com a 4ª Edição do D&D

Então que ontem, sábado, fui ao Dia Internacional do D&D na Point HQ. A maior motivação era jogar um pouco de RPG, não importa qual, por um acaso, o mote do evento era uma apresentação da 4ª Edição do D&D. Acredito que D&D dispense explicações e textos introdutórios.


O evento tinha o jeito mambembe padrão dos eventos brasileiros de RPG. De um modo geral, sempre que se infere um traço característico de uma expressão verde amarela este será o improviso e o vai-da-valsa. Vide nosso cinema novo. Portanto, não vejo razão para elencar essas questões sobre o evento. Aqui basta dizer que ele houve.

Sentei-me numa mesa que por sorte foi compartilhada com uma garotada gente boa. O mestre estava no pacote "rapaziada esperta" também, o que foi revigorante de alguma forma. Joguei um RPG "de raiz", com aquela empolgação juvenil e sem o cinismo comum à maturidade. O mestre entendia que as regras (novas ou velhas) serviam para divertir as pessoas e nada mais. Nesse caso, qualquer fetiche sobre a norma é inapropriado.

Nesse ambiente, pude pensar sobre a 4ª edição em funcionamento com certa calma. Afirmo que da mesma forma que a 3ª edição (e suas revisões) é um jogo diferente e não uma evolução da 2ª, a 4ª edição é uma experiência a parte. Mesmo compartilhando o núcleo duro do D&D (atributos, classe, nível e afins), os três produtos não são continuativos.

A 4ª edição assume o caráter wargame da franquia e oferece um conjunto de possibilidades bem refinadas para ação. A idéia de simplesmente atacar acabou. Rolar o dado e dar o dano é demodé e, mesmo nos níveis iniciais, tudo que o personagem faz vai além do golpe, sobrando bônus, danos e efeitos para tudo quanto é lado. Seja o healing surge, o second wind, o action point ou qualquer outra novidade que você tenha ouvido falar, faz um sentido e tem um propósito dentro do combate. No restante do tempo, as perícias são as alavancas para o desenrolar de uma história.

O resultado final são personagens de primeiro nível com um volume de recursos a fazer inveja aos personagens de nível alto das outras edições. Tem-se muito hit point, toma-se muito dano, cura-se muito e dá-se um dano mediano. Com isso os combates são longos e ricos em possibilidades. A administração de todos esses recursos é complicada, mas é uma complicação diferente dos mil bônus nas mesas de 3ª edição. Imagino (e temo) as aventuras de nível alto, quando ainda mais recursos e poderes haverão.

D&D 4ª edição é um jogo de combate estratégico assim como foram as outras edições, mas com maior foco na administração de recursos do personagem. Acredito que esse gênero habita um extremo das formas de jogar RPG assim como delírios narrativos como Solipsist está quase na ponta do lado oposto. Há quem goste desse jeito de jogar. Embora tenha me divertido, prefiro dar mais alguns passos na outra direção.